O café afeta seus hormônios, você só precisa entender como, quando e quanto de café você pode consumir.
Fiz uma live sobre o tema e vou deixar o vídeo para ti abaixo.
O café altera nossos níveis hormonais, principalmente de estrógeno. Como você está respondendo aos níveis de cafeína depende do seu corpo.
Em um estudo científico, as mulheres foram avaliadas em relação ao consumo de café conforme sua etnia. O que se observou é que quando havia um consumo de cafeína acima de 200 mg/dia (aproximadamente duas xícaras de café coado), mulheres negras ou asiáticas respondiam com um aumento dos níveis de estrógeno, enquanto mulheres brancas tinhas uma redução (SCHLIEP et al., 2012).
Tanto o estrógeno quanto a cafeína são metabolizados pela mesma enzima hepática. Por isso, entender melhor a interação dos alimentos com seus hormônios pode te ajudar a prevenir sintomas como: alterações nos ovários, no endométrio, nos seios, assim como, otimizar sua fertilidade e produção de progesterona.
Você já viu este estudo conduzido pela NASA que avaliou como aranhas responderam ao uso de cafeína (NOEVER; CRONISE; RELWANI, 1995)?
Normal
Com café
Os resultados em animais não necessariamente podem ser traduzidos para humanos (até porque a gente não faz teia), mas há algo que você pode aprender a aplicar no seu dia a dia com este estudo.
Estima-se que no Brasil 62% das pessoas sentem alto nível de ansiedade, e as mulheres parecem ser mais afetadas. A cafeína, no nosso cérebro reduz os canais de GABA (o neurotransmissor que nos acalma e nos dá foco) e desregula a relação dopamina/glutamato, que são neurotransmissores excitatórios.
Ou seja, se você se sente ansiosa com frequência, as duas primeiras perguntas devem ser: quanto de café você consome? E como está o seu metabolismo de cafeína?
Nosso metabolismo é determinado por fatores genéticos, mas nós mulheres também temos a influência dos nossos hormônios. Quando estamos com alto nível hormonal, vamos demorar mais para eliminar essa cafeína, e os efeitos de ansiedade podem se intensificar: o alto nível hormonal acontece no período pré-menstrual, durante o uso de contraceptivos hormonais e na gestação (LANE; LEAHY; BAUER, 2003). Assim, as mulheres são afetadas pelos níveis de cafeína e conseguimos responder a algumas dúvidas frequentes:
Café piora a TPM?
Como o café pode impactar na menor detoxificação de estrógeno, aumentando o nível de estrógeno circulante no corpo, isso pode favorecer a um quadro chamado predominância estrogênica, sendo uma das consequências desse desequilíbrio a piora de sintomas pré-menstruais.
Neste período também estamos mais sensíveis ao estresse, ansiedade e flutuações do cortisol e glicemia, e dependendo da quantidade e sua sensibilidade a cafeína, o seu consumo nessa fase pode piorar seus sintomas sim.
Café afeta fertilidade?
Há estudos que mostram que o maior consumo de cafeína durante a concepção do casal, e não só da mulher, está ligado a maiores taxas de infertilidade e aborto.
Aqui também temos a relação da predominância estrogênica mencionada acima. Nesse quadro, temos impacto na fertilidade.
Café piora ansiedade?
Na prática, em momentos de ansiedade você pode ficar o dia inteiro tomando café e, ao mesmo tempo, se sentir cansada e sem foco. À noite, pode se sentir ansiosa e agitada (pois a cafeína ainda está no seu corpo).
Café piora mioma e causa dor nos seios?
O desequilíbrio envolvendo tecidos estrógeno-dependentes como seios, útero e ovários, piora quando há maiores taxas de estrógeno circulante no corpo.
Nas minhas observações clínicas, é comum a relação com melhora de dores no seio com redução do consumo de café.
A mensagem principal aqui é: entenda seus momentos hormonais para conseguir ajustar sua alimentação de acordo com as necessidades e limitações do seu corpo.
Se você quer aprender mais como os alimentos interagem com seus hormônios e como usar protocolos de nutrição terapêutica podem ajudar a equilibrá-los, conheça o Ciclos da Mulher.
REFERÊNCIAS
LANE, J. P.; LEAHY, J. A.; BAUER, S. M. Accomplishing technology transfer: case-based lessons of what works and what does not. Assistive technology: the official journal of RESNA, v. 15, n. 1, p. 69–88, 2003.
NOEVER, D. A.; CRONISE, R. J.; RELWANI, R. A. Using Spider-Web Patterns To Determine Toxicity. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://ntrs.nasa.gov/citations/19950065352>. Acesso em: 25 maio. 2024.
SCHLIEP, K. C. et al. Caffeinated beverage intake and reproductive hormones among premenopausal women in the BioCycle Study. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 95, n. 2, p. 488–497, 1 fev. 2012.