Na infância escutava palavras de incentivo da minha mãe pra comer isso ou aqui por que era bom pros olhos, pra ficar inteligente e tudo mais. Minha alimentação era saudável, mas na época eu era uma formiga. Trocava a sobremesa por um almoço fácil.
Comecei a ler mais sobre alimentação por questões estéticas de menina (queria receitinhas pro cabelo, pra pele) e iniciei minhas próprias mudanças “radicais” como deixar de tomar refrigerante aos 12 anos de idade e fazer algumas escolhas diferente da família. Comecei a me aventurar na cozinha, criando receitas mais saudáveis e milagrosas (que geralmente ficavam horríveis, rsrs). Me divertia vendo programas sobre alimentação e me emocionava vendo o globo repórter (ainda existe?) com aquelas pesquisas de que os alimentos curavam.
Ao mesmo tempo, passava por um desconforto que durou muitos anos. Eu sofria diariamente de coisas “estranhas” que nenhum médico conseguia me ajudar – tinha dores de cabeças diárias de literalmente chorar, um intestino preso horrível que me deixava irritada e com a barriga sempre estufada, dores no corpo sem um lugar específico, barulhos estranhos na cabeça, um cansaço e sensação de tonturas frequentes. E tudo isso comendo uma dieta teoricamente saudável !
Passei na UFSC me envolvi em atividades e estágios desde o primeiro semestre. Estava muito feliz com tudo aquilo! Minha alimentação mudou e estava deixando do vício dos doces, e alguns dos incômodos passaram, porém não todos.
Com o passar dos anos na faculdade fui ficando um tanto frustrada. A nutrição terapêutica que tanto buscava não existia no currículo, em troca, dietas hospitalares e cálculos chatos. Em 2005 fui na minha primeira palestra sobre nutrição funcional e as esperanças ressurgiram. Existiam pessoas falando sobre o que buscava. Em 2007 passei um ano estudando nutrição no Canadá e muita coisa mudou.
Quebrei vários paradigmas sobre o que é ou não saudável, fiz aulas do mestrado, participei de pesquisas e voltei renovada. Logo comecei minhas pós graduações – Nutrição clínica Funcional, Coaching pela IBC, Fitoterapia integrativa, Nutrição Funcional esportiva – continuei com os cursos e me aprofundei cada vez mais nos estudos de livros e artigos por conta própria
De todos aqueles incômodos que tinha na infância, que hoje entendo muito bem as causas, de uma doença auto imune que desenvolvi no final da faculdade, de desregulações hormonais que tive um pouco mais tarde. Tudo foi sendo entendido, revisto e cuidado.
Os paradigmas e conceitos nutricionais foram se transformando, se individualizando, se integrando com outros olhares. Passei a entender que a nutrição é única e não é só o alimento. Fui me aperfeiçoando no que chamo de auto conhecimento nutricional.
Contei tudo isso à você para explicar porque meu trabalho hoje com as pessoas é guiado por compreendê-las como seres únicos e ajudá-las a se conhecerem melhor, entenderem seu próprio corpo e como cada alimento se relaciona com ele.